Por Diego Nascimento
Confesso que tenho uma séria dificuldade em lidar com pessoas que gritam. Meu repúdio está ligado ao exercício exagerado das cordas vocais em situações de trabalho e relacionamento interpessoal. As observações que tenho feito ao longo do tempo mostram que o próximo degrau após o uso inadequado da voz é a agressão física. Para ilustrar a seriedade do tema contarei um fato vivenciado faz poucos dias.
Tarde de quarta-feira, Lavras, Minas Gerais. Fui até uma clínica médica e com toda tranquilidade aguardei pelo chamado na recepção. Ouvi os mais diversos “causos” dos que ali exercitavam a espera junto comigo. O que seria mais uma rotina se tornou uma das mais tenebrosas experiências para um consultor e comunicador corporativo. Notei uma certa movimentação no corredor ao lado: era a hora do famoso cafezinho. Nada demais se a educação e bom senso fizessem parte do currículo dos envolvidos que, motivados por alguma situação particular do final de semana, poluíram o ambiente com gargalhadas, vocabulário inapropriado e gritos e mais gritos. Parecia que estávamos na porta de um botequim mal frequentado, cheio de embriagados desrespeitosos e grosseiros. A cena foi tão alarmante que uma das médicas interrompeu uma consulta e em fúria clamou por ordem e silêncio, o que foi prontamente atendido.
Quem dera se fosse ficção, mas é a realidade. E sem fazer qualquer tipo de sondagem posso dizer que gritos são mais do que comuns em escritórios, lojas, praças … e dentro de casa. Costumo exemplificar relações familiares como um grande laboratório de ação/reação no cotidiano de qualquer ser humano. A teoria desse conjunto de atitudes foi registrada em um artigo* publicado pela The British Psychological Society (Sociedade Britânica de Psicologia) que diz que o “auto-controle depende de muitos processos e que mudanças na vida podem oferecer diferentes impactos dependendo da limitação da fonte de energia.” Em resumo é fácil entender que o domínio próprio continua a ser o segredo para o êxito nas relações.
Acima de qualquer teoria encontramos a Bíblia Sagrada. Nela, o apóstolo Paulo cita em carta aos Gálatas, capítulo 5, verso 22, o domínio próprio como uma característica dos frutos que vêm do Espírito. Ausência de relacionamento com Deus nos deixa mais confiantes em nós mesmos e desesperançosos, resultando em aflição e total falta de controle. É por isso que convido você, leitor/leitora, a compartilhar a importância da calma seja qual for o momento e o desafio. Que sua voz seja condutora de refrigério ao invés de sinônimo de agressão e mediocridade, a exemplo dos funcionários da clínica médica em que fui atendido.
Vivemos dias maus e absolutamente você pode compartilhar experiências em que pessoas “tentaram ganhar no grito.” No meu caso, mesmo que tenha laços sanguíneos, praticantes da gritaria perdem crédito comigo. A confiança é colocada em questão, afinal, como posso delegar responsabilidades para quem, no primeiro desafio, sai do eixo?
Concluo com um pedido simples, mas capaz de interferir profundamente em nossas relações: jamais grite comigo.
* Artigo disponível em https://thepsychologist.bps.org.uk/volume-25/edition-2/self-control-%E2%80%93-moral-muscle
Lindo texto. Parabéns pela forma que se expressa. Agregando valores ao nosso dia. Abr
Olá Vicente,
Bom dia!
Obrigado pela leitura comentário. Receba meus votos de um excelente final de semana.
Grande abraço,
Diego Nascimento