Por Diego Nascimento

Informação é algo valioso em toda situação da vida. Por meio dela empresas abrem ou fecham, pessoas se aproximam ou vão embora, guerras começam e terminam e a conta bancária de observadores fica cada vez maior. A cada canal visitado na televisão, compras online ou pesquisas no computador um perfil sobre nós é construído. Mas como isso funciona?

“Quem tem informação, tem o poder.” Já ouviu ou leu essa frase? Pouca gente imagina, mas a Segunda Guerra Mundial foi ganha em meio à captação de dados durante uma verdadeira queda de braço entre o regime nazista e o exército aliado, que se opunha totalmente às propostas de Hitler. Os britânicos tinham um brilhante time de cientistas incluindo matemáticos e estatísticos para decodificar quaisquer comunicação sonora e impressa interceptada em transmissões inimigas. Sete décadas depois da rendição da Alemanha a informação continua sendo alvo de disputas, mas dessa vez são empreendedores e grandes corporações que querem os mínimos detalhes sobre VOCÊ. E não adianta se isolar no meio de um deserto pois, se está lendo esse texto agora, seus rastros já foram gravados por uma robusta malha computacional.

O tráfego de informações que circula na internet nesse exato momento é absurdo. De acordo com o portal Statista, um dos líderes mundiais na apuração de dados estatísticos, mais de 3 milhões e 600 mil buscas foram feitas por dia no Google em 2017. Além disso, mais de 4 milhões de vídeos foram assistidos a cada sessenta segundos no Youtube. Chegamos à uma fase de conexão que não tem mais volta. Uma pequena mercearia é ponte de captação de informações de um simples cliente quando ele resolve pagar o pãozinho e o café com leite no cartão de débito ou crédito. Tudo armazenado, tudo interligado.

Para quem atua com marketing esse novo perfil mundial traz benefícios e, também, muitos desafios. O novo conceito de “urgente” e as constantes ofertas de novos produtos e serviços fazem com que os hábitos comportamentais se alterem com mais intensidade, exigindo um monitoramento mais apurado de qualquer movimentação. Uma prova disso são os cartões fidelidade, ofertados em sua maioria por lojas de atacado e varejo (supermercados em geral). O que aparentemente é uma benefício ao cliente abastece os sistemas de informática com suas preferências de compra (marca, tamanho …) e até os intervalos em que você retorna ao estabelecimento para cumprir uma missão básica de consumidor quando, na verdade, sua presença é fonte de estudo para melhorias na aproximação com os fornecedores.

Por diversas vezes manifestei em textos e palestras meu fascínio pelo comportamento humano. Com tranquilidade digo que observo as pessoas com as quais converso e associo movimento facial, argumentação, tom de voz e modo de vestir ao meu sistema mental de decodificação. Mesmo com anos de estudo confesso que estou em fase de aperfeiçoamento, mas um certo conhecimento na área já permitiu experiências muito interessantes. Agora imagine tudo isso gerenciado por um mega sistema de informática que imprime, em poucos segundos, seu perfil de consumo. Entende agora a razão de alguns lançamentos divulgados na TV e web parecerem ter sido moldados  exclusivamente para você?

Encerro alertando para a importância desse conjunto de acontecimentos envolvendo a sua vida. Em trinta anos vimos mais novidades tecnológicas do que o mundo inteiro durante um período de 100 anos na Idade Média. O relógio está a todo vapor e quero tranquilizar os leitores sobre essas transformações. Por mais que não consigamos fugir delas, podemos manter uma posição firme no que diz respeito ao lixo informacional que toda essa propaganda produz. Explore o ambiente online, faça boas amizades, reencontre familiares, aproveite as promoções nas lojas virtuais, mas jamais deixe que essa aparente “porta da oportunidade” desapareça com seus valores morais e éticos.

E se as máquinas falassem eu acredito que a primeira frase que diriam é: “estamos vigiando você.”

 

Leave a Reply

Your email address will not be published. Required fields are marked *